domingo, 28 de março de 2010

Morrendo de amores por ela

Cresce vento de luz
Que não a ti se encontrem.
Fios de vida que amarras,
A calma serena que jaz

Se por pequeno duvidas...
Adormecido pensamento
Que grandiosa certeza
Que em ti só vejo beleza!

São palavras que esvoaçam.
Nas marés dos teus cabelos,
Que em sonhos entrelaçam
E em mim... Em mim o sonho continua...

Agora quero sentir-te o rosto.
Preso às minhas mãos
Que desmedidas contrastam, pena,
Tão impuras seguram
A obra-prima dos Deuses

Em vitral se miram
Primem as pestanas que soltam a lágrima
Que salga a despedida
Em vão ela desaparece,
E ele... vai, vai...
Morrendo de amores por ela...

domingo, 14 de março de 2010

Um Picasso que me pinta as mãos

Tomo uma venda que me cobre os olhos.
Fito o escuro,
Como se nele a minha mente estivesse escrita…
O meu corpo permanece imerso,
Na escuridão da minha mente
E o meu corpo, frio, nu…
Pode agora servir de tela
Àquele que me pinta as mãos.

Confio, pois não suspeito.
A angústia é o meu pior defeito.
Solto as mãos, perante a imensidão,
Agarram o ar, preso a correntes.
A loucura implora para que as corte com os dentes.
Solta-se implorativa, mas em vão...

Imploro à loucura, pela definição.
O amargo sabor a derrota,
De ninguém compreender a vastidão
Do meu ser que a alma invoca.
Fatigado, pensa e deixa de sonhar,
A razão já não parece, padece...

A compreensão: assumida atenção
Que prende ao olhar, a certeza do pensar.
Desvio o meu escuro e os meus pincéis deixam de pintar
O mundo vazio, já contêm fragrância,
Prende-me o olfacto
E desejo o que sinto.

É a realidade que me prende ao sono;
Me transforma, me seduz…
O único produto do imaginário
Que me permite no túnel ver luz,
Me esperança gratidão,
Um perfeito bem executado…

São eixos descontrolados
De marionetas, jogos do ser…
Inanimados, soldados recrutados
Mas que ganham vida,
A vida que ele garante.
Mas a ele deixo o sonho
Ao Picasso que me pinta as mãos…