sábado, 17 de maio de 2014

O amor acontece

Vejo-me atrapalhado com os meus passos pela rua
O meu jeito trémulo, agitado e apressado, sempre nervoso
Encontro-me a compor todas a imperfeições em mim
Para estar perfeito para ti, para quando te encontrar
Me dares aquele beijo que me apazigua

A cada passo o meu coração apressa-se a chegar a ti
As minhas mãos estão suadas e tremem cada vez mais
Experimento falar baixinho para não me engasgar no momento
Olho-me novamente nas montras para ver se estou bem
Sei que não sou perfeito mas ao menos vale a intenção em si

Ao caminhar, levanto os olhos dos meus pés e do que vejo
Olho em frente e deslumbro-me com os teus passos
Os teus cabelos, os teus lábios vermelhos, o teu jeito de caminhar
Sem querer tropeço e embaraçado levanto-me rápido
Não notaste mas corei, aproximaste-te e abraçaste-me com um beijo

Agora não há cidades, não há prédios
Não há ruas, não há estátuas
Não há pessoas, não há pássaros
Não há barulhos, não há pontes
Não há alucinações nem espaço para tédios

Agora só existes tu, e eu
Desprendidos de todo o mundo
Enquanto ele passa por nós, imóveis
Mas assim ficámos nós,
A olhar-mos-nos em silêncio, tu e eu

O amor acontece entre mim e ti
E agora que nada nos separa
O amor por fim acontece
Tal como aconteceu
Na primeira vez que te vi