domingo, 12 de setembro de 2010

Estação

Fito as horas mortas dos dias sequestrados,

As linhas distorcidas das nossas memórias.

Avisto ao perto os comboios à espera

E pessoas apinhadas de horas perdidas.

O teu sorriso férreo do outro lado da linha

Desvenda em espiral os arcos deixados pelo vento.

Quando a saudade dos teus lábios cerra,

Um beijo atravessa a janela e me aconchega a tua partida.

O inverno é tão quente como as tuas mãos!

Duvido que longe de mim sejas verão...

Na ambição do teu lenço branco esvoaçante;

Na ambição do teu regresso no berço do meu ser...

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Amor a condizer

Se as capas grossas dos meus cadernos dobrados,

Fossem, um dia, servir-te mil recados…

Eu estaria agora em ventre dos teus olhos.

Na palma das tuas mãos segredos aos molhos.

Oh Pátria! Minha agonia, por ti desejo…

Perante a janela, descalça te vejo,

Lágrimas que em rios desaguam

Às saudades que perduram.

Vinde de lá salvadora de meu esplendor,

Debruçar-te no meu regaço em flor.

Dividir-te os teus nobres cabelos com minhas unhas,

Glorificar o teu sorriso de doces cunhas.

Emana-te do sol e descai sobre o mar,

O mar do meu coração, pronto para te amar.

Embrulhas os cabelos em calçadas de prata,

E eu me debruço sobre teus lábios que outros lábios mata.

Sou um condenado ao teu fascínio ardente,

Que me dissolve o corpo e me comove a mente.

Visto as roupas que o armário que oferece a escolher

E saio à rua com o meu amor a condizer.