Água fugidia que me iluminou o dia
Essa água que em ti escorre
Te percorre o rosto, o pescoço
Suor frio? Não! Quente!
Suor de alegria dos teus olhos
Que por saudades desesperam
E aglomeram dia após dia
Explodes quando me vês
E eu quando te vejo, sim porque eu
Eu também as mereço sentir
Sinto e desejo por menos
Como anseio também por mais
Quanto mais, mais agregado seremos
Quanto menos, mais presente estarás
.
Algo em ti é outro espírito
Espírito que abre a minha alma
Me liberta o coração
Me reescreve em sinestesias
Palavras em sentidos
Restos de partes em tudo
Que tudo em ti é amor
Deixa-me pertencer
A esse fundo profundo
Que sobressai nos teus olhos brilhantes
Que me libertam e percorro o teu corpo
Liberto as mãos que o sentem
Que o agarram.
Deixa-te pertencer a mim
À nossa união, dois amores
.
Pinto o teu retrato num quadro de sonhos
Onde pousas despida de medos
Despida de pensamentos, agonias
Pousas só minha, só
E eu contigo me junto
E o desenho se desenha
E no final se mostra
Com as finas gotas de prazer
De um dia agitado
Que se acalma nos meus braços
Se domestica com beijos
.
Vem e solta-te por algas dos céus
Que me beijes por entre véus
Seremos naus infinitas
Por oceanos imprevisíveis
Insensíveis, que lhes tomaremos as rédeas
Dominaremos as profundidades
Dormiremos junto a recifes de suaves tecidos
Junto a paraísos fofos de areias molhadas
Que das quais faz parte o sal doce
Das tuas lágrimas contentes
.
Imaginar o impossível
Um amor superior ao nosso
Que se sobrepõe a relatividade do tempo
O seu inesgotável tempo
O tempo que o tempo demora a passar
Não supera a soberania do nosso amor
Sobre a qual construo castelos de ventos
Que arejam os teus cabelos
Que te recolhem do rosto a felicidade dos teus olhos
Para obviamente dar lugar a muita e muita mais
.
É desnecessário continuar sem ti
Ocorre uma hibernação do meu ser
És a primavera que me salvará
Deste inverno distante
Aparece, renova-me, inspira-me
Dá-me água fresca, floresce-me
Dá-me mais desse amor, puro
Selvagem, rebelde
Mas dá-me, alimenta-me
Que eu sem ti não sei viver
Sem ti não quero correr
Volto a ser quem não quero
Hiberno e desapareço
E encosto-me ao canto e deixo-me escorregar
E escorro, escorrem
As saudades pelo meu rosto sorridente
Que por ti esperou tão ausente
E por ti não se cansa
Tu és definitivamente
A causa mais que provada
Da existência de vida na Terra
.
Porque és tu que crias vida
Crias sonho, crias imagem
A imagem que acompanha os meus olhos
Eternamente a transportarão
Comigo a tua imagem
A imagem da
Doce água que corre nos teus véus
Sobre um corpo desejoso por mim
Que de mais nada espera se não por mim
Unicamente para se fundir
E originar uma super explosão
Maior do que a nos deu origem
Uma explosão de sentidos e sensações
Uma explosão de amor