sexta-feira, 18 de junho de 2010

Doce água que corre nos teus véus

Água fugidia que me iluminou o dia

Essa água que em ti escorre

Te percorre o rosto, o pescoço

Suor frio? Não! Quente!

Suor de alegria dos teus olhos

Que por saudades desesperam

E aglomeram dia após dia

Explodes quando me vês

E eu quando te vejo, sim porque eu

Eu também as mereço sentir

Sinto e desejo por menos

Como anseio também por mais

Quanto mais, mais agregado seremos

Quanto menos, mais presente estarás

.

Algo em ti é outro espírito

Espírito que abre a minha alma

Me liberta o coração

Me reescreve em sinestesias

Palavras em sentidos

Restos de partes em tudo

Que tudo em ti é amor

Deixa-me pertencer

A esse fundo profundo

Que sobressai nos teus olhos brilhantes

Que me libertam e percorro o teu corpo

Liberto as mãos que o sentem

Que o agarram.

Deixa-te pertencer a mim

À nossa união, dois amores

.

Pinto o teu retrato num quadro de sonhos

Onde pousas despida de medos

Despida de pensamentos, agonias

Pousas só minha, só

E eu contigo me junto

E o desenho se desenha

E no final se mostra

Com as finas gotas de prazer

De um dia agitado

Que se acalma nos meus braços

Se domestica com beijos

.

Vem e solta-te por algas dos céus

Que me beijes por entre véus

Seremos naus infinitas

Por oceanos imprevisíveis

Insensíveis, que lhes tomaremos as rédeas

Dominaremos as profundidades

Dormiremos junto a recifes de suaves tecidos

Junto a paraísos fofos de areias molhadas

Que das quais faz parte o sal doce

Das tuas lágrimas contentes

.

Imaginar o impossível

Um amor superior ao nosso

Que se sobrepõe a relatividade do tempo

O seu inesgotável tempo

O tempo que o tempo demora a passar

Não supera a soberania do nosso amor

Sobre a qual construo castelos de ventos

Que arejam os teus cabelos

Que te recolhem do rosto a felicidade dos teus olhos

Para obviamente dar lugar a muita e muita mais

.

É desnecessário continuar sem ti

Ocorre uma hibernação do meu ser

És a primavera que me salvará

Deste inverno distante

Aparece, renova-me, inspira-me

Dá-me água fresca, floresce-me

Dá-me mais desse amor, puro

Selvagem, rebelde

Mas dá-me, alimenta-me

Que eu sem ti não sei viver

Sem ti não quero correr

Volto a ser quem não quero

Hiberno e desapareço

E encosto-me ao canto e deixo-me escorregar

E escorro, escorrem

As saudades pelo meu rosto sorridente

Que por ti esperou tão ausente

E por ti não se cansa

Tu és definitivamente

A causa mais que provada

Da existência de vida na Terra

.

Porque és tu que crias vida

Crias sonho, crias imagem

A imagem que acompanha os meus olhos

Eternamente a transportarão

Comigo a tua imagem

A imagem da

Doce água que corre nos teus véus

Sobre um corpo desejoso por mim

Que de mais nada espera se não por mim

Unicamente para se fundir

E originar uma super explosão

Maior do que a nos deu origem

Uma explosão de sentidos e sensações

Uma explosão de amor