domingo, 27 de julho de 2014

Sabias que o mundo é redondo? É tão redondo que por mais longe que olhe, até mais do que a vista alcança, consigo sempre ver-te. Não por estares fisicamente mas porque para onde quer que olhe tu estás à minha frente.
Sabias que a noite não se fez sem a lua? E a lua não se fez sem o teu olhar, nem as estrelas sem o teu sorriso!
Sabias que a tua pele é como este mar? Hoje está tranquilo e calmo, e a tua pele toma hoje esta forma. Podia voar sobre a tua pele sem te tocar, que este mar, a tua pele, não reagiria ao meu passar, mas eu estaria sempre sobre a tua visão. Sabias que a tua pele é como o mar? Quando o mar está agitado, cheio de grandes ondas e tempestades, não que a tua pele perca a suavidade e a perfeição que tem, apenas gostava que ela se sentisse assim quando os nossos corpos se tocassem. A tua pele turbulenta e agitada, em fusão com a minha.
Sinto-me tão bem que podia viver assim eternamente! Espera, acho que não quero viver eternamente, exacto! Não quero viver eternamente. Mesmo se pudesse viver ao teu lado não queria a vida eterna. Gostava de saber como era morrer ao teu lado, ou morrer a amar-te, ou morrer sabendo que te amo e tu nunca sequer soubeste como eu me chamava. Desde que estejas em mim, eu posso viver e morrer. Viver para sempre é pouco tempo para quem quer viver, porquê viver para sempre quando se pode viver um dia, vamos viver tudo num dia! Amamo-nos e morremos no mesmo dia! O que será melhor do que te amar inteiramente durante 24 horas e no final do dia poder adormecer à tua beira e à tua beira, de mão dada, poder morrer? E no dia seguinte acordar só para te amar! Não há nada melhor do que poder acordar só para te amar a ti! Vamos viver um dia, um dia de cada vez, vamos viver dia a dia, sim! Vamos viver o dia-a-dia! Como se cada dia fosse o primeiro e o último, vamos amar pela primeira e ultima vez todos os dias. Que cada dia seja o nosso primeiro dia, o nosso primeiro orgasmo, o nosso primeiro beijo, a nossa primeira troca de olhares.
Sabias que o mundo é redondo? É tão redondo que por mais longe que olhe, até mais do que a vista alcança, consigo sempre ver-te. Não por estares fisicamente mas porque para onde quer que olhe tu estás à minha frente.
Sabias que a noite não se fez sem a lua? E a lua não se fez sem o teu olhar, nem as estrelas sem o teu sorriso!
E eu não fui feito para viver sem ti.
Podia passar horas a ver-te trabalhar, e quando me perguntares o que quero tomar eu direi que quero tomar o teu corpo, beber a tua vida, poder comer o bronze da tua face até chegar ao que é mais branco nos teus ossos.
Nada é mais branco do que os teus ossos e essa camisa, e sim já vi os teus ossos... De tanto olhar para ti conheço cada pedaço de ti, por dentro e por fora!
É tão fácil amar os teus contornos, o teu jeito com o pé sempre que te debruças sobre o balcão (pareces uma bailarina em pontas, e eu que nem aprecio bailado, aprecio-te tanto); o teu jeito a passear a bandeja apenas numa mão, o teu jeito de sorrir e me apaixonares.
Podia criar uma conversa mais interessante contigo do que simplesmente um olá e um pedido, mas apenas consigo conversar contigo por olhares que nem deves perceber que eles te dizem tanto, mas tanto. Se ouvisses o que os meus olhos dizem, ouvirias dizer o quanto gosto de ti e o esforço que faço para desviar o olhar de ti para que não notes que estou sempre a olhar para ti. Ouvirias dizer que deixei o meu carro ligado para que possas fugir agora comigo para nos abrigarmos da tempestade dos dias e dos furacões das noites,que os meus cobertores e o meu corpo é a combinação contra relâmpagos e eu bem sei o quanto os odeias.
Enquanto puder ver-te sem os olhos vou continuar a abraçar-te pela distância, enquanto puder amar-te pelos olhos vou continuar a beijar-te pelo murmurar do teu nome na minha boca, enquanto puder viver, quero poder viver perto de ti.
Quem inventou o amor inventou-te a ti,e depois fez-me com os restos da matéria que sobrou de ti e criou assim o amante. Se não fui feito para te amar então não fui feito para nada.
Admito que não gostei do adeus que me deste. Forjado com insipidez e frieza, sobrevoado sobre os ventos quentes do mediterrâneo onde as águas quentes e fervorosas trespassavam o navio. Disseste-me que a tua vida era em alto mal e que eu pertencia à terra onde crescem oliveiras e grandes carvalhos velhos, onde o vento apenas vem aos sábados e é o sol que viaja por mim e não eu que viajo pelo sol. Dizes-me que em terra existem raízes e que podes fixar um coração à terra e amar durante uma vida, a vida que encontras lá, mas em alto mar isso não acontece. Não há ancora que atraque um barco em alto mar, e que no mar o teu coração aquece e arrefece com a mesma facilidade com que mudam os ventos de rota.
Repetes tantas vezes as mesmas palavras que começo a acreditar que é verdade: a distância é soberana na separação perpétua dos nossos corpos. A tristeza já se apoderou do meu rosto da mesma forma como se tinha apoderado dos meus ossos e depois da minha carne e da minha pele. Chego mesmo a pensar, agora no conforto da minha cadeira assente em terra, que a rota do teu coração se afasta cada vez mais de mim e que nunca se aproximará. O mundo é infinito quando amamos, mesmo para que ama e não é correspondido, nesses casos a infinidade do planeta estende-se aos confins do universo.
É mau de mais ver os teus lábios partirem com a mesma facilidade como atracaram nos meus. Se calhar precipito-me nas paixões mas o peito não foi só feito para se encher de ar novo todos os dias, de certeza que fora feito para amar grandes amores, por mais pequenos que sejam e por pouco tempo que durem, sim, o coração foi feito para amar e não para viver. Viver sem amar não é viver. E tu não és excepção pois o meu coração pertence a zonas onde crescem oliveiras e grandes carvalhos velhos e nessa terra a ancora atracou-te bem junto ao meu peito e não cede a ventos nem a marés, por mais tempestuosos que sejam.
 
Para começar a amar precisas apenas de um olhar ou de um sorriso, ou por vezes nem isso, a facilidade de amar descansa na simplicidade e pureza dos corpos, mas para deixar de amar nem o tempo basta, não há coração que esqueça facilmente dos amores da juventude, nem os bons nem os maus, não há coração que rasgue páginas de vida com pudor e ódio, não há coração que rasgue páginas de vida com indiferença e tranquilidade sem que antes as lágrimas tivessem falado ao vento o quanto amaram e o que lhes custa partir daquele coração que tanto amou...
Amar é assim mesmo, levar as lágrimas do coração ao rosto sempre que partes, e levar as lágrimas do coração ao rosto sempre que voltas, e ter sempre frio no estômago e ter as mãos molhadas de sal quando partes e as mãos molhadas de sal quando regressas. Amar é ter o corpo envolto em finas lâminas de vidro sentirmos na pele o vidro a cortar-nos a respiração quando acordamos na cama vazia ou durante o almoço que agora se dá em frente à janela em vez de ser em frente a ti. Amar é o sangue que corre sem sair do corpo e que nos aquece por dentro. E quando sofres, ele sai-nos do corpo e doí ainda mais, arrefecendo-nos a pele e os ossos.
Amar é deixar de procurar em terra o que se quer procurar no mar, e eu vou partir agora que cheguei a terra para te procurar no mar, onde quer que estejas, eu encontrar-te-ei, pois não há nada que me atraia mais que a tua pele, e o desejo de te encontrar rema sem cessar contra qualquer maré. Podes até nem zarpar na minha direcção, podes até nem me querer na tua vida mas eu quero-te na minha, mesmo que nunca te chegue a ter mas amar é isso mesmo, amar é deixar de amar em terra o que só se pode amar no mar.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Não há palavra que me acalme mais do que o silêncio

Não há palavra que me acalme mais do que o silêncio.
O cheiro dos livros não me fala aos ouvidos
Mas nele sinto todas as palavras que ele tem para me contar.

Há tempos em que apenas o silêncio é onde quero estar.
Não que não goste do caos e o desassossego citadino!
Mas a simplicidade daquelas palavras mudas confortam-me.

O sossego é como um gelado no verão, como um café pela manhã,
Como um abraço num reencontro ou um beijo de despedida!
Não morremos se não o tivermos, mas é a melhor coisa do mundo...

Acho que posso descrever o silêncio como um acto de sedução.
Uns olhares tímidos e apaixonados a cruzar os cantos da sala
Sem que ninguém note que aqueles dois corações se apaixonaram.

Mas na verdade, eu nunca consigo estar parado!
Por muito quieto que me encontre, o meu cérebro...
O meu cérebro leva-me para onde a minha imaginação quer estar!

Mas na minha imaginação por muito agitado que esteja
Não há recriações de som, é um teatro mudo...
E assim, este cinema me entorpece-me os sentidos, fecho os olhos e até amanhã!

Assim por fim o silêncio alcança integralmente o meu ser.
E adormeço pela calada da noite, sobre o meu próprio silêncio.
E o único silêncio que não é silêncio é o silêncio do meu coração.