domingo, 27 de julho de 2014

Podia passar horas a ver-te trabalhar, e quando me perguntares o que quero tomar eu direi que quero tomar o teu corpo, beber a tua vida, poder comer o bronze da tua face até chegar ao que é mais branco nos teus ossos.
Nada é mais branco do que os teus ossos e essa camisa, e sim já vi os teus ossos... De tanto olhar para ti conheço cada pedaço de ti, por dentro e por fora!
É tão fácil amar os teus contornos, o teu jeito com o pé sempre que te debruças sobre o balcão (pareces uma bailarina em pontas, e eu que nem aprecio bailado, aprecio-te tanto); o teu jeito a passear a bandeja apenas numa mão, o teu jeito de sorrir e me apaixonares.
Podia criar uma conversa mais interessante contigo do que simplesmente um olá e um pedido, mas apenas consigo conversar contigo por olhares que nem deves perceber que eles te dizem tanto, mas tanto. Se ouvisses o que os meus olhos dizem, ouvirias dizer o quanto gosto de ti e o esforço que faço para desviar o olhar de ti para que não notes que estou sempre a olhar para ti. Ouvirias dizer que deixei o meu carro ligado para que possas fugir agora comigo para nos abrigarmos da tempestade dos dias e dos furacões das noites,que os meus cobertores e o meu corpo é a combinação contra relâmpagos e eu bem sei o quanto os odeias.
Enquanto puder ver-te sem os olhos vou continuar a abraçar-te pela distância, enquanto puder amar-te pelos olhos vou continuar a beijar-te pelo murmurar do teu nome na minha boca, enquanto puder viver, quero poder viver perto de ti.
Quem inventou o amor inventou-te a ti,e depois fez-me com os restos da matéria que sobrou de ti e criou assim o amante. Se não fui feito para te amar então não fui feito para nada.