quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
Quando um Homem Chora
Não choram só os seus olhos:
Choram-lhe as saudades, as angústias,
Os receios e os seus medos.
Choram-lhe os momentos, as memórias.
Chora-lhe o peito, o rosto e as mãos.
Chora-lhe a espinha, o cabelo e o coração.
Pesa-lhe tanto na alma... Na alma do Homem que chora!
O seu sofrimento, o seu desespero...
Perdera agora um irmão.
Os seus olhos ensopados, vermelhos, doridos.
O seu rosto desolado, sem sentido... morto.
Quando olho para ele sinto a sua dor...
Vivo na pele os momentos com o seu irmão.
Sinto a sua perda...
Sinto a sua solidão!
Pelo Homem que chora
Eu lhe estendo a mão!
Na altura era ele garoto
Segurando a mão, do seu irmão...
No seu rosto agora envelhecido
Sobre os anos que sustenta...
Vejo ainda uma criança
Que as lágrimas não aguenta...
O seu soluçar mostra bem...
As saudades que ele tem!
Não fora apenas um irmão
Fora um amigo do fundo do coração.
A sua dor, a sua fraqueza!
Ainda não comeu nada este dia
Mas mantém-se firme e forte,
Na presença do seu falecido irmão
Pela força deste Homem eu admito
Que em mim há toda a fraqueza do mundo!
Não seria nunca capaz de ostentar o seu sofrimento, a sua dor!
Nunca seria capaz de lutar como ele lutou!
As mãos dele tremem, o seu corpo esfria.
O seu rosto esbatido em lágrimas.
Mas ele ainda segura a mão do passado.
Recorda com as suas lágrimas o seu irmão mais amado...
O Homem que parte no rosto leva presente:
O amor que todos lhe guardamos,
A glória da sua vida, as lágrimas da sua partida! Pois
O amor nunca se perde, por muito que um Homem tente!
Depois de um pai e agora um irmão
Este Homem pode já não ter nada
Mas tem agora presente
O Amor e o Orgulho do filho do seu coração!
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
O homem apaga-se nas esquinas da cidade
É tão recôndito o seu intelecto
Desmorona a sua própria vida
Fuma o ultimo cigarro do dia
Recolhe-se no seu habitáculo
Diz as últimas palavras da noite
E faz amor com os seus sonhos
Não pertence a ninguém
Paga a conta duma alma sem corpo
Não foi ninguém em tempos
Não será ninguém agora
Foge dos seus próprios medos
Corroí o seu sangue com vitimas da sua vida
É um homem de nome
Um corpo na solidão
De o ver, soletro cada pedaço de mim
Para que não contacte com ele
Cheira a morte e a medo
É um podre pedaço mutilado da sociedade
Sobre ele há pouco para contar
Ignorado, desterrado, ingrato
arrogante, nocivo para o ambiente
Conta-se que viveu um grande amor
Não obstante à curiosidade está o rancor
O ódio e o d'escarnio,
Guardo distância dele, o seu cheiro incomoda
De relance miro-o enquanto oiço a sua história
Em tempos um nobre rapaz
De afortunada família
Desgraçou todo o seu esplendor
Numa jovem fêmea que enamorava
Conta-se que eram felizes em tempos
Se amavam tanto que se fundiam e eram só um
Um corpo dividido entre sexos, na plenitude da juventude
Que mutilavam as relações com os outros, eram só eles
Aguardava ele a sua chegada
Desesperado pela demora
Espeta em si as suas cartas
O seu perfume e adormece... durante anos sem ela
Ela, já não era ela, já não existia no seu mundo
Fora sempre uma ilusão, uma imagem vazia
Rompe-se então num bruto desengano
Guardar a morte dela na vida do corpo dele
Larga portas do mundo que já nem fazia parte
E leva-a longe da sua terra
Sobrevive do sangue e da carne das suas memórias
Vai morrendo ele também junto do corpo dela
Abraça-a todas as noites numa envolvência
De raiva e ódio, amor cruel o daquele pobre
Arranha-se no corpo dela para ela sentir
A sua presença onde quer que ela se encontre
Vagueia agora este corpo dela e dele
Pelas calhas da minha cidade
Impestar a pureza do mundo
Com a loucura dum amor predilecto
Este homem garante que amou
Amou tão intensamente que se fundiu com ele
Foi tão intenso, tão vibrante, tão intimo
Que deixou de ser humano
É algo que a loucura compreende como normal
Romântico, apaixonado, louco um pouco
Para nós é o puro sadismo e ofensa
Livre-mo-nos nós do pecado dos seus olhos
Foi na loucura do seu amor que me recosto
Na cadeira do jardim, e me deparo
Com a intensidade que um sentimento pode eventualmente ter
Verdadeiramente integrado no meu interior
Não liguei, desviei o olhar e segui até casa.
Debruço-me agora nessa memória
E recordo aquele sorriso!
O que é que torna um sorriso especial?
Uma ligação... uma expressão... um momento!
Na minha memória revivo aqueles segundos...
E parei instantaneamente naquela face...
De repente começas a recordar pormenores:
Os seus olhos eram opacos; os cabelos sujos;
A sua pele mal tratada e envelhecida.
Mas o seu sorriso tão juvenil e provocador!
Seremos assim tão diferentes, interiormente?
Somos intemporais no interior,
Somos aquela criança, que nada tem a perder!
Fecha os olhos e vive dentro de ti.
Aqueles olhos são declaradamente o nevoeiro,
Aquela pele as folhas secas do outono.
Os seus cabelos frios de inverno
E eu aqueço-me nas minhas recordações.
Ao lembrar-me de todos as expressões
Impregno a sua unicidade, liberdade!
Estão dentro de mim
Mas consigo-as sentir à flor da pele.
Prevejo-me incorporado em mim,
Metamorfiso o meu intelecto!
Invejo a pessoa que vive em mim
E vivo uma vida dentro dela!
Tudo por um momento...
Tudo por uma expressão...
Tudo para ser alguém...
Tudo o que sou é tudo à minha volta!
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
La Reina En El Maletero Del Coche
De un maletero frio e pequeño.
No tiene miedo, es una mujer de verdad!
E se no lo crees, yo te lo enseño...
Sus ojos me han enamorado.
Ella ha prometido que me volvia a ver.
Ella no miente! Su coracíon é dorado.
El corazón que espero tener...
Recuerdo aquellas noches calientes,
Las opiniones sinceras, el contacto visual.
Las palabras, las sonrisas… yo pienso que lo sientes
Algo increíble y único! Eres muy especial...
Yo soy un buen soldado
Porque sé cambiar de pie.
Pero cuando me enseñabas me quedé enamorado
Sólo miraba para ti y ahora, ya no sé.
Quiero ser la música que oyes
Para que nunca te olvides de mi.
Aun que entre en mil convoyes,
Un día yo quiero volver a verte begüi!
sábado, 27 de agosto de 2011
Vim Aqui Enganar o Diabo
Hoje é o Diabo que me espera!
Desço a avenida, de cigarro incendiado.
Tropeçam as rodas na calçada e o homem avisa: Cuidado!
Confie em mim que da Marinha eu sou Cabo
E somente quem engano é o Diabo!
Mesmo assim tenha prudência excelência.
Não haja tropeções que não sejam da sua preferência...
Das atenções e dos cuidados estou agradecido
Mas não se exceda do que em dinheiro lhe foi prometido.
Pára-se a Charrete e sem demoras dá-se o respectivo,
Não fosse ele pedir atenções por quase já não estar vivo.
Capa sobre os ombros e remamos sem demoras!
Não fosse também o relógio agora molestar com as horas...
Entro, Casino indumentado de tom preferencialmente: Vermelho.
Dobro a capa e entrego-a, sigo para a sala e sento-me de imagem reflectida ao espelho.
Aos convidados a serventia é cuidada e especial
Não obstante aos aposentos do diabo tudo tem um toque divinal...
Mencionar-se-ia à priori o cumprimento genial e cavalheiresco do Infame
Não fosse outrora, o dono de tal casa de "sortes e azares", assim se chame.
Um mero jogo de Poker que é centro das atenções.
Sorte ou azar, este jamais é um simples jogo de tostões.
Jogo de almas, e em apostas com o Diabo assim será:
Somente um olho no burro e outro no cigano, não bastará!
A considerar pelo adversário, a hipótese da vitória é minimal
Mas mais prazer terá ao vencer este animal...
As cartas em cortejo coordenado, inflamam a mesa de combinações,
Coroado seja o que dali melhor arranjo na mão tiver, um tal arranjo de corações.
As apostas são como o vinho, assim vem, assim vai
Mas desta vez ou daqui se ganha e se parte ou daqui se perde e nunca mais se sai.
Ultimas apostas! Sempre regrado, e hesitante na esperança de um tropeção.
O Blasfemo é esperto! Não cai assim nos esquemas de beijada mão.
Desconfiam-lhe os olhos e mais a sabedoria... Mas se não fosse a ironia...
Voilà! As suas cartas esbatem com violência e as minhas caem como por magia.
O Mor Cabo tem Royal Straight Flush... Mas o meu Lord tem um Straight Flush de bradar aos Céus!
A tua alma ainda não é minha, mas no inferno arderá com as chamas dos meus véus!
As suas palavras Diabo, já não ferem o meu Sobejo Ego!
Este jamais nas chamas da traição, da vingança e da cobiça tropeçará sendo completamente cego!
Capa reposta aos ombros e a alma na algibeira.
Saio de Queixo alevantado, e passo glorioso pela expressão diabólica e grosseira.
Cá fora, Chovem as suas lágrimas ensanguentadas e com a derrota ainda a latejar.
Felizmente, não queimam como me prometeu queimar a alma, quando um dia lá voltar!
Tome as rédeas condutor!
Hoje, foi o Diabo que se curvou a meus pés!
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
Vida, morte e vice versa
Vagueio pela rua, cambaleando nos meus passos...
Sujas são as roupas que me cobrem o corpo.
Tenho pedaços de mim que já estão mortos à anos.
Sou olhado com desprezo, cuspido na face e esmurrado no rosto.
As pessoas ignoram quando estendo a mão ou quando peço pão!
De tantas lágrimas o meu rosto secou salgado à luz dolorosa do sol.
À medida que o tempo passa vou morrendo cada vez mais, bocadinho por bocadinho...
Assim, com o tempo e com a fraqueza do meu corpo,
Este, acaba de se enterrar na terra que em tempos me serviu de chão.
É agora o meu lar, o meu encosto, o meu cobertor, a minha campa.
Está na hora de dizer as últimas palavras e não vaguear mais...
Não obstante, os mortos são imortais!
Invariáveis no tempo, não envelhecem, não engordam,
Não ficam doentes ou guardam rancores.
São deuses, são jovens para sempre!
No entanto prefiro a efemeridade que a vida nos dá:
Nascer, correr, cair, esmurrar o joelho e chorar até casa!
Criar amores enquanto jovem, guarda-los quando adulto,
Mostrar emoções, guarda-las, envelhecer e talvez adoecer...
Viver é soberano, é a sensação de sentir a carne dentro de nós
Que mexe e remexe, é sentir tudo o que nos rodeia, mergulhar,
mergulhar na vida é ser plácido na placidez dos tempos plácidos.
Viver é o complemento da vida. Viver é todo o orgulho que tenho em mim.
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
Ciclo da Vida
Mergulhaste-me e prometeste-me levar-me cedo para casa.
Levaste-me à janela no carro, vi todas as paisagens, todas as cores.
Sorriste! Deste-me um nome. Agarraste bem o meu saco com água e disseste:
Nunca, nunca te vou esquecer!
Prometeste-me um grande aquário quando chegássemos;
Uma vista e o sol todos os dias a brilhar.
Afirmaste que cuidarias de mim e que me visitarias todos os dias,
Sem falta. Dar-me-ias comida, mudar-me-ias a água mil vezes por dia.
Apaixonaste-te por mim...
Engraçado... Não abriste nenhum buraco no saco. Horas e horas de viagem,
Sem ar. Claramente vou morrer, a olhar para ti, que neste momento
Desviaste toda a tua atenção. És criança.
Nada toma a devida importância quando somos crianças.
Deste-me 10 minutos de fama, e morri no teu coração.
Assim vai acontecer com o meu coração... Quando reparares, chorarás…
Chorarás tão alto e tão triste que os teus pais vão voltar à loja
E vão trazer-te o meu irmão, para que sufoque como eu sufoquei.
Nas tuas mãos inocentes e dóceis de uma criança.
A inocência de muitos, causa a morte a muitos outros.
terça-feira, 9 de agosto de 2011
Que se lixe
Perder todas as noções
Desatar em sentimentos
Que se lixe o politicamente correcto
Não sou estóicista,
Encaro a vida.
Choro, rio, fujo, tenho medos
Estou-me nas tintas
Não fomos criados para regras
Para moralizações.
Sou um bicho da terra
Sou a caixa vazia de fósforos
Esmagada e deitada ao lixo
Gasta e rasgada
Mas tive a minha forma de viver
Vi a chama que reúne
Amor e ódio, deixei-a arder
Apagou-se. Ponto final
Não concordo, mas que se lixe!
Não me vou preocupar, que se lixe!
Não fomos feitos para viver
Fomos feitos para sentir,
Sofrer, rir, falar, pensar,
Não sou estóicista
Mas que se lixe a vida
No entanto, os meus sentimentos
Suplantam toda a ideia de viver
Agrada-me a ideia de ser feliz
Fere-me a ideia de voltar a sofrer
Que se lixe!
Serei eu quando estiver feliz
Lixar-me-ei
E serei estóico quando sofrer
Ou fizer sofrer!
Quero que se lixe
A vida não foi feita para se viver
A vida foi feita. Ponto final.
sábado, 6 de agosto de 2011
Quero Quebrar as Paredes do Socialmente Correcto
Nunca te toquei,
Te abracei
Ou te beijei…
Vivo o agora, o presente!
Não quero saber do resto.
De consequências,
De tristezas…
Quero viver um sonho proibido!
Amar à primeira vista.
Ser feliz e não sofrer.
Orgulhar-me e não olhar para trás…
Tenho no sangue o sabor do vento, do desejo.
No peito a vibração das tuas palavras
Os meus ossos corroem-se de ambição
Quero arriscar, sair e voar!
Voa… voa comigo!
sábado, 16 de julho de 2011
Amores-Perfeitos
Comprou flores.
Disse que eram para a sua mãe.
Não, não disse mais nada, pagou e saiu.
Ai sim?
Que flores comprou?
E de que cor era o seu baton?
Estava certo? Deixou grojeta?
Hoje vi a mulher do vestido, outra vez...
Pediu Margaridas, da outra vez tinham sido Rosas!
Eram para a sobrinha, tem 12 anos, hoje.
Não, não disse mais nada, pagou e saiu.
Ai sim?
Era doce o seu perfume?
Grande decote a mostrar as almas do pecado?
Tenta saber mais, sim?
Hoje vi a mulher do vestido!
Trazia Amores-Perfeitos na mão.
Pousou-os...
Sorriu e saiu.
Pagou?
Não, não levou nada,
Fiquei calado.
Não consegui dizer nada.
O meu coração sentiu-se!
Cala-te! Já arrumaste tudo?
Não.
Bom dia!
Cipriano, arranjas-me umas rosas, por favor?
São para a minha mãe, está um pouco doente sabias?
Toma, tem um bom dia!
Bom dia!
Cipriano, hoje a minha sobrinha faz doze anos!
Arranja-me margaridas e és um doce de pessoa.
Toma, obrigada, és um anjo Cipriano...
...
Sorriu, recebera dele duas flores de manhã.
Deixou uma flor e disse-lhe que o amava sem falar...
Amores-Perfeitos
terça-feira, 22 de março de 2011
Sou, muito longe daqui, um pouco de mim.
sábado, 29 de janeiro de 2011
carta que jaz
Carta que jaz
Nos contornos dos meus braços:
Nos meus olhos choram lágrimas
Que nunca te disse em palavras.
A distância que nos mata
Soletra cada memória,
Cada riso... cada choro... (sem fim)
Todos os pedaços de mim...
Oh, Carta que jazes!
Quando os meus olhos choram
E me recordo dela,
Escrevo em ti coração, em aguarela…
Sofro no silêncio cruel!
Mágoas que me mordem as palavras,
E não te as sei dizer em vida
Com medo da despedida.
Ainda não acordaste e eu já tenho
Uma carta na algibeira e uma lágrima no olho.
Vou trazer-te sempre presente,
No meu coração quente…
Seguro as palmas das tuas mãos doiradas
Onde me criaste com amor
Parto agora, mas regresso
Mas mais um beijo, só te peço.
Não me desprendo de ti
Nunca te perderei!
És sem dúvida a melhor
Mãe que o mundo tem…