quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Ela recorda pela janela

Recorda pela janela

O que em pequena viu em grande,

Nos seus olhos amarelos vivos

Vê os pássaros que lhe chilreiam

As memórias de liberdade.

Recorda pela janela

Que não é o que em tempos foi

Porque de tão pequena que era

Ainda não o sabia bem.

Recorda pela janela

O espaço amplo da liberdade

Que se tivesse coragem voava!

Mas como não tem, não vive...

Recorda pela janela

As sombras sobre o sol,

As tardes quentes ao relento.

Ser mais livre seria impossível

Era esse o seu sustento.

O mundo para fora da janela

Invoca nela o medo de viver.

O hábito da segurança

Amedronta-lhe a coragem;

O mundo para fora da janela

Continua palpitando-lhe o coração

Mas quando se lhe abre a porta,

Sente-se presa no medo da liberdade.

O mundo para fora da janela

Abre-lhe ainda mais os olhos

Ela quase de se sente capaz de voar...

Mas recusa. A liberdade já tem fim à vista

Porque em vez de voar, só conseguiria saltar.

O mundo para fora da janela

Já não lhe agrada tanto

Mas não deslarga do coração,

As saudades dos seus olhos.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Compreenda-se...

Hoje ao invés dos acontecimentos,
Debruço-me sobre o homem
De chapéu e bigode que
De tantas personalidades
Não encontra enfim... a sua.

domingo, 17 de outubro de 2010

Desenhas no céu estrelas de 5 pontas

Dá de beber às minhas palavras gastas,
Pois conheço todas as horas de domingo.
As horas em que te encontras comigo
E permaneço imóvel até que me beijes.

Debaixo da nossa roupa somos nus.
Somos o perfeccionismo da simplicidade,
A vaidade da mão dada, inocente,
O beijo "ó-de leve" sobre os lábios teus!

A agitada euforia por te ver,
Cresce dentro de mim.
Por saber que me queres
Eu insisto em ir mais depressa ver-te.

Não sou deveras sólido, como o meu corpo emana,
Sou também água que te limpa o rosto,
Sou também sal que tempera os sentidos
Mas não sou quem eu não queria ser...

Na ávida cortesia da manhã,
Desperta o relógio no tilintar
Audaz. Que me abre os olhos
Sobre o teu rosto delicado.

Sobre calçada, limpas os tamancos,
Ajeitas o vestido seco, em tons de branco.
Sacodes o cabelo do vento do Outono
E danças sobre as pedras ao sabor da macaca.

De longe se percebia a tua inocência
Mas de perto saboreia-se melhor.
Sentem-se os pormenores ao pormenor.
Desenhas no céu estrelas de 5 pontas