Recorda pela janela
O que em pequena viu em grande,
Nos seus olhos amarelos vivos
Vê os pássaros que lhe chilreiam
As memórias de liberdade.
Recorda pela janela
Que não é o que em tempos foi
Porque de tão pequena que era
Ainda não o sabia bem.
Recorda pela janela
O espaço amplo da liberdade
Que se tivesse coragem voava!
Mas como não tem, não vive...
Recorda pela janela
As sombras sobre o sol,
As tardes quentes ao relento.
Ser mais livre seria impossível
Era esse o seu sustento.
O mundo para fora da janela
Invoca nela o medo de viver.
O hábito da segurança
Amedronta-lhe a coragem;
O mundo para fora da janela
Continua palpitando-lhe o coração
Mas quando se lhe abre a porta,
Sente-se presa no medo da liberdade.
O mundo para fora da janela
Abre-lhe ainda mais os olhos
Ela quase de se sente capaz de voar...
Mas recusa. A liberdade já tem fim à vista
Porque em vez de voar, só conseguiria saltar.
O mundo para fora da janela
Já não lhe agrada tanto
Mas não deslarga do coração,