Segura-me, senta-me nessa cadeira arrastada
Deixa-me falar-te da minha solidão
Do tempo que me levou a vida e a memória
Levou pessoas, lugares e a história
Ha um tempo na vida
Em que já não se quer saber o futuro
Em que nos arrependemos de não ter vivido
E em que recordamos aquele passado já fugido
Dá-me um copo com àgua
Tenho os lábios secos
Ajuda-me, tremo tanto
Fala para mim no entretanto
Sou arrastado pelo tempo
Como as pedras pelo rio
Quando a força do tempo acabar
Assim como as pedras, eu vou-me afundar
Apenas não morro porque ainda consigo sonhar
A minha juventude está viva nos sonhos
Mas a realidade é que me prende à vida
E me abraça até à despedida
Senta-te à minha beira
Como se sentam as saudades
Vem viver comigo a vida que nos resta
E que possa viver mais vidas como esta