terça-feira, 1 de dezembro de 2009

A formiga marinheira

Na vastidão do seu mundo, navega a formiga.
Difícil é encontrar o caminho de volta, pois o vento enrola-a nas ondas do mar.
Não se afoga mas também não sabe nadar, apenas não se afunda
O esforço é constante mas não desiste.
Ainda sente o desejo de atravessar o infinito, tornando-o possível.
Perdeu a canoa, um ramo curto com uma folha amarrada.
Veleja agora sem vela, boiando nas ondas agressivas.
A derrota não se impõe.
Onde arranja tanta força de vontade?
Sem destino ou direcção, prossegue, sozinha em busca de terra,
Mesmo que não o encontre…

Formiga, formiguinha. Nada, nada, nadando…
Como foste aí parar?
Apreça-te a sair da água desse teu mar,
Nem uma pinga restará.
É que a sede é imensa, o povo aqui não brinca.
O calor faz-se sentir e mesmo à sombra,
Da sombra de onde perdeste a canoa
E caíste no mar.
Nada sabe melhor que um copo cheio com água.